Ontem, o vice-presidente do FED, Stanley Fischer, admitiu o que vimos falamos há anos: que a inflação não é tão baixa quanto os números do governo mostram e que o alvo do FED, de 2% de inflação, não está tão longe assim.

Usamos um indicador de inflação produzido pelo Shadowstats, que mostra que a CPI está mais perto de 4% a.a. do que de zero. O que faz todo sentido para nós. Quem viajou para os EUA há dois anos e voltou esse ano, viu que os preços (com exceção da gasolina) estão muito mais altos.

Mas voltando ao Sr. Fischer, por que será que ele iria dar uma declaração dessas? Nossa opinião é de que a economia norte-americana está com sérios problemas e o FED quer desesperadamente subir a taxa de juros.

Provavelmente, algum desses burocratas que nunca tiveram que dar emprego a ninguém, nem pagar (e preencher) os altos impostos que recaem sobre a produção, começou a desconfiar que juros zero e QE não ajudam a economia. Afinal, se ajudassem, o país haveria se recuperado no primeiro QE, não precisaria de três (sem resultado algum).

Aliás, como já mencionamos, os principais resultados do programa de juros zero e QE foram uma alta exagerada (bolha) nos preços dos ativos, sejam eles imóveis, ações, etc. E as consequências nefastas foram maior subemprego, maior número de americanos jovens sem emprego e sem condições de sair de casa, menor número de proprietários de imóveis em quase 50 anos, maior dívida da população em geral, empresas e governo, maior número de benefícios concedidos pelo governo para a população carente, ou seja, aumento da população carente, maior instabilidade e maior concentração de renda – sim, como explicamos em um post anterior, esse programa beneficiou exclusivamente os mais abastados.

Sempre mencionamos nos nossos posts que o FED não subiria os juros de maneira alguma. Já fizemos essas projeções várias vezes e sempre acertamos.

Mas algo mudou, e é possível que o FED vá começar a subir os juros modestamente, muito mais para ter alguma munição quando a encrenca maior chegar – e ela vai chegar. Ainda não sabemos qual será o momento Lehman Brothers dessa bolha, mas ele vai aparecer e vai fazer 2008 parecer uma brincadeira de criança.

Vale lembrar que de 2004 até 2007 o FED subiu os juros modestamente (0.25% a cada reunião), e isso causou o estouro da bolha imobiliária (que o próprio FED fomentou). Naquela época, as pessoas, ao invés do que gostaria o FED, resolveram se alavancar ainda mais à taxas de juros baixas para investir em imóveis. E quem disse que o movimento agora não seria o mesmo, com as taxas de juros onde estão? Estamos vivendo hoje uma bolha muitíssimo maior do que a de 2008 e o FED sabe disso.

Quando se mexe com a taxa de juros e não deixa o mercado agir, distorções imensas ocorrem na economia. Como tudo é precificado tendo como base a taxa de juros, uma distorção na mesma causa distorções ainda maiores em outros mercados.

Continuamos recomendando uma pequena alocação em metais preciosos físicos e bastante liquidez. Cautela não faz mal a ninguém.

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