Wardenclyffe Tower

Há mais de um século, um famoso e notório inventor achou que tivesse tido uma ideia inovadora e futurística: uma máquina para transmitir energia através do planeta Terra.

Sem entrar nos detalhes, ele achou que tal máquina, além de transmitir energia, iria brilhar (literalmente) e iluminar cidades.

Em 1900, foi então para Nova Iorque e tentou levantar recursos para seu ambicioso projeto. Apesar de outra tecnologia ter surgido na época para a transmissão de dados por meio de rádio (Marconi), o inventor achou que a sua tecnologia, embora nunca testada e muito mais cara, fosse superior.

Encontrou-se com grandes personalidades e empresários como George Westinghouse, John Jacob Astor e JP Morgan que, após vários encontros e discussões, aceitou investir US$150 mil no seu projeto.

Em 1901, após receber os recursos de JP Morgan, comprou geradores e transformadores da Westinghouse. Após esse investimento inicial, o inventor ficou sabendo que a tecnologia de Marconi atingiu níveis de transmissão que antes eram praticamente impossíveis. Isso desanimaria qualquer investidor, mas não abalou o inventor. Muito pelo contrário, ele resolveu dobrar a aposta e escalar ainda mais o projeto.

Como ele precisaria de mais capital e achou que somente a transmissão de energia não seria suficiente para capturar o interesse de novos investidores, decidiu que seu projeto também transmitiria voz e imagem. E foi gastando os recursos.

Quando soube disso, JP Morgan decidiu não investir mais e ainda pediu contas do seu investimento. Mas o inventor não se abalou e resolveu seguir adiante, comprando cerca de 80 hectares de terra em Long Island, onde começou a construção da Wardenclyffe Tower.

Obviamente, com a falta de dinheiro, o projeto empacou (apesar da Torre ter sido construída). O inventor então começou a pedir, implorar e, no final acusar JP Morgan de causar o problema.

Para despertar o interesse, ele ainda mentiu descaradamente, dizendo que estava trocando mensagens com a Escócia. Também, às vezes, ligava algumas luzes na Torre para dizer que o projeto estava vivo. Ousou até a afirmar que estava recebendo sinais de Marte!

Uma vez que as mentiras foram descobertas, houve uma corrida para a saída, fazendo com que empresas recusassem contratos e não houvesse mais empréstimos. A imprensa, que até então era bem favorável ao inventor, mudou de posição e começou a questionar coisas que antes eram impensáveis.

Os problemas financeiros levaram o inventor a ter um ataque de nervos em 1906. Em 1915, anos após o abandono do projeto, George Boldt, proprietário do hotel Waldorf-Astoria, local onde morava (e levava uma vida extravagante), executou uma hipoteca e ficou com o terreno e com a Torre. Como a Torre não servia para nada, ela foi demolida no ano seguinte e vendida como sucata. O inventor morreu muitos anos depois, na pobreza.

Ah, o nome dele? Nikola Tesla.

Ele é o inspirador para uma nova, mas – na minha opinião -, repetida história. A história de Elon Musk, CEO da empresa que leva o nome e, de novo, na minha opinião, o mesmo futuro de Nikola Tesla: a falência.

Os ingredientes estão todos aí: um projeto bem interessante, que se torna megalomaníaco, mentiras para todos os lados, escalabilidade para poder chamar a atenção (teve até Marte na jogada, onde o falso profeta pretende se aposentar), recentes imbróglios com a imprensa, necessidade de capital constante e pouca coisa em retorno.

De maneira alguma estou querendo comparar o gênio de Nikola Tesla com Elon Musk. Um nos proporcionou o uso da eletricidade, raio-X, controle remoto e outras invenções que modelaram o mundo moderno. O outro teve sorte de estar no Paypal ao mesmo tempo que Peter Thiel e, embora tenha sido demitido (antes que ele afundasse a empresa, como vai fazer com a Tesla), levou a fama de visionário.

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