Economia Americana e o Ouro

Na última sexta-feira foi publicado mais um número de empregos criados na economia norte-americana. A média dos analistas estava esperando um número forte para validar a tão aclamada recuperação econômica. O consenso dos analistas era a da criação de 200mil empregos, embora alguns analistas mais otimistas tivessem números bem acima dos apresentados.

Como vem acontecendo com frequência, os números desapontaram praticamente todos os analistas, com uma geração de empregos de somente 74mil. E nem podemos olhar a qualidade dos números apresentados, porque mais da metade deles foram de empregos temporários.

Continuamos afirmando que não vimos nenhuma recuperação na economia; como esta pode estar crescendo tendo gerado menos emprego em 2013 do que em 2012?

A taxa de desemprego vem caindo, mas isso se deve muito mais às pessoas que saem do mercado de trabalho por
terem desistido de encontrar emprego do que por novas contratações, o que realmente seria um indício de recuperação.

Como vimos afirmando inúmeras vezes, o programa do FED de continuar a comprar bônus do governo e os de hipotecas
contribui somente para manter os grandes bancos solventes enquanto tal programa gera a proliferação de bolhas por todos os lados.

Tal programa é totalmente ineficiente no que diz respeito à geração de empregos e também moralmente errado, já que induz à alta dos preços em todos os ativos – imóveis, ações e produtos em geral. Os mais ricos possuem muitos ativos e, apesar dos preços dos bens de consumo continuarem subindo, seus ativos sobem muito mais. Já com
relação aos menos ricos, isso se constitui em um alto imposto a se pagar, já que os mesmos não tem ativos e ainda têm que arcar com altos preços.

Essa a alta dos preços produz uma falsa sensação de riqueza, a mesma de alguns anos, quando, por exemplo, a
maioria dos americanos supunha que os preços dos imóveis continuariam subindo para sempre.

Essa atual ilusão de que há uma recuperação é mantida exclusivamente pelos programas do FED. Quando o FED começou o tapering no mês passado, já o fez bem à meia-boca, prometendo ao mercado que os juros ficariam onde estão até pelo menos 2015 e diminuindo o ritmo de compra de bônus para US$75bilhões ao mês – vale lembrar que o balanço do FED continua aumentando e aumentando rapidamente, porém um pouco menos que quando ele estava comprando US$85bilhões por mês (não estamos considerando o reinvestimento dos juros, porque senão a compra de bônus do FED estaria acima dos US$90 bilhões ao mês).

O FED sabe bem que não há recuperação, há somente uma ilusão, mantida por estímulos artificiais à economia. Se esses estímulos forem retirados, o país voltará à recessão, pegando muita gente desavisada e causando um problema muito maior do que o em 2008.

Por isso achamos que, se o FED fizer mais um tapering, esse provavelmente será um tapering modesto como o anterior, e então ele vai parar, esperando alguma desculpa para poder aumentar a compra de bônus.

Acreditamos ser mais fácil o FED aumentar o ritmo de compras de títulos até o final desse ano, do que diminuí-lo.
Ao nosso ver, o FED estará comprando mais do que US$85 bilhões ao mês até o final desse ano, sem contar o reinvestimento dos juros.

Um risco que achamos que poucas pessoas estão levando em conta é o da não-recuperação da economia norte-americana e de um aumento no programa de estímulos à economia desse país – muito mais porque poucos acreditam que os EUA ainda estão em crise.

Quando nos dermos conta e virmos que tal recuperação inexiste –o que existe é somente uma alta nos preços dos ativos devido aos programas do FED – e que o próprio FED não tem a menor intenção de parar de imprimir dinheiro, vamos ver uma queda no dólar americano. Tal cenário trará repercussões importantes para a economia mundial que
acreditamos não estarem sendo consideradas.

Acreditamos que o ouro seja um bom hedge nesse cenário.

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