Caos de Mercado Revelado: Das Altas do Petróleo às Quedas do Ouro

Como movimentos extraordinários expõem a fragilidade do sistema financeiro atual — e por que ainda vale a pena possuir ouro.

Eu pretendia escrever sobre o petróleo e como, até ontem, o sentimento era amplamente pessimista. Não faltavam más notícias: praticamente todos os grandes bancos, analistas e corretoras projetavam uma queda expressiva dos preços em 2025 — e ainda mais acentuada em 2026.

Então bastou uma única manchete: o governo dos Estados Unidos anunciou novas sanções contra a Rosneft e a Lukoil. Em questão de minutos, o mercado virou. O petróleo disparou, quebrando todas as previsões e obrigando os analistas a reescreverem, da noite para o dia, toda a narrativa baixista.

Mas, em minha opinião, algo ainda mais interessante aconteceu em outro mercado: o do ouro.

Curiosamente, pouco mais de uma semana atrás, eu havia escrito:

“Dito isso, excetuando o período de lockdown da COVID-19, quando os preços do petróleo chegaram brevemente a território negativo, essa relação nunca esteve tão alta quanto agora. Historicamente, quando o índice ultrapassa 25, ele costuma indicar que o petróleo está subavaliado em relação ao ouro. Não diria que “desta vez é diferente”, mas, no cenário atual, o petróleo parece extraordinariamente barato quando comparado ao ouro.

Não se trata aqui de “marcar um fundo”, afinal isso só se confirma retrospectivamente, contudo, o contexto sugere que o petróleo pode oferecer uma relação risco-retorno atraente. E qual seria, a meu ver, a melhor forma de se posicionar diante desse cenário? Por meio das empresas de perfuração offshore.”

Quem me acompanha há mais tempo sabe que sou um defensor histórico do ouro (e do bitcoin) — sobretudo porque os bancos centrais nunca deixam de imprimir dinheiro.

Há mais de uma década venho destacando a importância de manter ouro físico como parte essencial de qualquer portfólio, sob controle direto do investidor.

Por isso, quando o ouro despencou quase 6% ontem, imediatamente me chamou a atenção.

Com base na volatilidade média diária do metal — entre 1% e 1,2% —, estamos falando de um movimento de 5 a 6 desvios-padrão (sigma): um evento estatisticamente tão improvável que, em teoria, deveria ocorrer somente uma vez a cada vários séculos — se é que algum dia.

Para colocar em perspectiva:

  • Um evento de 5 sigma deveria ocorrer a cada 3,5 milhões de dias (cerca de 14 mil anos);
  • Um evento de 6 sigma? Praticamente nunca — uma vez a cada bilhão de dias.

Ocorre que algo ainda mais extremo já aconteceu: em 15 de abril de 2013, o ouro, após cair mais de 5% no dia anterior, afundou outros 9,5% no dia seguinte, conforme gráfico abaixo — um movimento ainda mais violento e improvável.

Fonte: Bloomberg, L2 Capital

E aqui surge a pergunta inevitável: se um evento de 5 sigma deveria acontecer apenas uma vez a cada 14 mil anos (e um de 6 sigma nem sequer caberia em qualquer cálculo prático), como é possível termos presenciado movimentos tão extremos em pouco mais de uma década?

Talvez a resposta não esteja nas estatísticas, mas resida no próprio sistema financeiro contemporâneo — um sistema moldado por liquidez excessiva, alavancagem descontrolada e algoritmos que operam fora da lógica e do bom senso.

O que antes se via como um choque de mercado “de uma vez por século” tornou-se, estranhamente, rotina.

Isso apenas reforça uma convicção que defendo há anos: ter ativos reais e tangíveis, como o ouro, é indispensável — não apesar de sua volatilidade, mas justamente devido à fragilidade estrutural do sistema financeiro.

A lição é clara: eventos raros não são mais tão raros.

E, diante disso, a preparação é muito mais valiosa do que a previsão.

Pare de tentar prever o mercado. Concentre-se em acumular bons ativos, comprados a bons preços.

No longo prazo, esse princípio simples superará qualquer modelo, projeção ou manchete sobre “cisnes negros”.

A volatilidade faz parte do caminho — aprenda a conviver com ela.

Comentários

Deixe seu comentário

Todos os campos são obrigatórios
Pesquisar
Publicações Recentes

Contato

Brasil
Vila da Serra, Nova Lima - MG
CEP: 34.006-053
Tratamento de dados - DPO
dpo@l2capital.com.br
Ao enviar seus dados, você declara estar de acordo com os Termos de Política de Privacidade

Dev by

É recomendada ao investidor a leitura cuidadosa do prospecto e do regulamento ao aplicar os seus recursos. A L2 Capital Partners não comercializa cotas de fundos e/ou clubes de investimento ou qualquer ativo financeiro. Conheça nossa Política de Voto.